Por: Profª. ADM. Renata de Sampaio Valadão
Professora Especialista
Bacharel em Administração de Empresas
Pós Graduação em Gestão Empresarial e Controladoria Pós Graduação em Gestão de Pessoas e Finanças.
As empresas que buscam a eficiência e a eficácia em seus processos, promovem a cada momento mudanças organizacionais para atingir seus objetivos e, para que isso aconteça, é necessário profissionais empenhados, motivados e aptos para se adequarem as novas exigências empresariais.
Sendo assim, percebe-se a necessidade de recursos humanos preparados para participar das mudanças promovidas pelas empresas, que tenham a capacidade de manter-se competentes e habilidosos mesmo diante das adversidades, que possuam olhar sistêmico para perceberem e se anteciparem as possíveis crises, além de possuirem firmeza de propósito e integridade fisica e moral.
Mas, como manter-se antenado e integro em um mundo onde os valores éticos e humanos, em alguns aspectos, foram esquecidos? Como tornar um profisional resiliente, se os problemas enfrentados são cada vez mais complexos? Como praticar a resiliência em ambientes cada vez mais tensos e dinâmicos? É possível responder a todos esses questionamentos praticando a resiliência?
Sim, é possivel, pois hoje a competência do momento é ser resiliente dentro e fora das pequenas e grandes empresas.
Então qual o significado da palavra resiliência? Como ser um profissional resiliente dentro das organizações?
Alguns aspectos são de fundamental importância para o entendimento da palavra resiliência. Para tanto, serão abordados conceitos e analises já existentes, buscando assim a devida compreensão da palavra, além de demonstrar a importância de se ter profissionais resilientes nos processos administrativos.
Segundo Carmello (2008, p. 48), “o termo ‘resiliência’ provém do latim, do verbo resilire, que significa ‘saltar para trás’ ou ‘voltar ao estado natural’.”
Para Silva (2009, p.01):
a resiliência caracteriza-se pela capacidade do ser humano responder de forma positiva às demandas da vida quotidiana, apesar das adversidades que enfrenta ao longo de seu desenvolvimento. Trata-se de um conceito que comporta um potencial valioso em termos de prevenção e promoção da saúde das populações; mas, ainda permeado de incertezas e controvérsias.
Ou seja, o termo em questão pode ser destacado como uma ferramenta que poderá ser utilizada dentro das organizações, pois ser resiliente é buscar soluções positivas diante das adversidades do mundo contemporâneo.
De maneira geral, Carmello (2008, p.48) afirma que:
a noção de resiliência foi primeiramente utilizada pela Física e na Engenharia. Um dos precursores dessa utilização foi o cientista Thomas Young que, em 1807, buscando a relação entre tensão e compreensão de barras metálicas, usou a palavra resiliência para dar noção de flexibilidade, elasticidade e ajuste às tensões ao descrever seu conceito de modulo de elasticidade
Partindo desta idéia histórica, a resiliência quando praticada, torna o profissional flexível, capaz de trabalhar sobre pressão e acima de tudo, apto para superar seus limites, fazendo com que as atitudes sejam positivas diante das controversias corporativas.
“A resiliência não elimina o risco da mudança, mas encoraja os líderes e colaboradores a se engajarem efetivamente na situação” (CARMELLO, 2008, p. 20). Ou seja, mesmo diante das mudanças a resiliência torna o processo dinâmico e faz com que todos se interajam para que juntos alcancem os objetivos pretendidos.
Portanto, para ser um profissional resiliente dentro das empresas, basta transformar toda energia de um problema em uma solução criativa, (...) “é ter a capacidade concreta de retornar ao estado natural de excelência, superando uma situação crítica” (GRAPEIA, 2007, p. 01)
Quando as organizações se beneficiam com a resiliência nos processos de mudanças, a equipe acaba obtendo resultados satisfatórios em todas as áreas e setores, pois quando falta a capacidade de promover mudanças com eficácia, a resiliência não esta imperando.
Como identificar um profissional resiliente?
Para identificar um profissional que atua de maneira resiliente, basta analisar a capacidade que este individuo tem de planejar mudanças conforme as necessidades da empresa, de analisar os objetivos, organizar os recursos necessários e acima de tudo, fazer o controle de todo o processo, buscando sempre a interação do grupo mesmo diante das adverdidades.
Para Entschev (2009),
profissionais com esta capacidade conseguem vislumbrar melhor os objetivos da corporação e de criar estratégias para atingi-las. São dotados de um forte senso de critica e possuem uma visão sistêmica aguçada, olhando de dentro para fora da organização e vice versa. Seu poder de persuasão é, normalmente, forte, afinal são providos de bons argumentos.
Segundo Carmello, citado por Saito (2009, p. 01) "as pessoas escutam de seus chefes ou lêem em algum lugar que elas precisam ser resilientes, mas não entendem o que isso significa. Quando procuram no dicionário, encontram a definição que diz que resiliência é o poder de recuperação, a capacidade de suportar pressão. Com isso, elas entendem que precisam ser passivas. Mas resiliência não é isso.”
Os colaboradores resilientes conseguem desenvolver aptidões para estarem sempre atualizados e preparados para enfrentar a pressão diária do mundo corporativo e não suportá-las. O profissional resiliente é um ser atento ao mercado, que consegue detectar os sinais de oportunidades e ameaças, sendo assim, podemos destacar os resilientes como pessoas formidáveis em sua forma de trabalhar; mesmo sobre pressão continuam atuando com ética e conseguem retirar das dificuldades força necessária para seguir em frente e crescer.
Ou seja, ser resiliente é ser protagonista diante das adversidades corporativas. É ser capaz de transformar momentos conturbados em resultados satisfatórios para o grupo. O individuo que atua com resiliência consegue resistir a grandes catástrofes e volta ao seu estado normal, utilizando os acontecimentos como combustivel e aprendizado para o aperfeiçoamento pessoal e profissional.
Sendo assim, podemos destacar que as organizações poderão utilizar a resiliência como ferramenta que auxiliará na tomada de decisões mais eficientes, satisfazendo assim as necessidades dos acionistas, colaboradoes, fornecedores e a comunidade em geral.
Portanto, seja você um profissional resiliente. Atue, cresça, amadureca e aprenda com as situações positivas, e mais ainda com as negativas. Seja capaz de superar as suas próprias expectativas e entenda que a vida é muito mais do que os problemas que estão acontecendo.
Onze dicas para formentar sua resiliência no dia-a-dia |
1. Procure, na medida do possivel protagonizar as situações: Em vez de se perguntar “Por que isso foi acontecer comigo?”, experimente dizer para si mesmo; “Como eu me coloquei nessa situação e o que posso aprender ou utilizar como recurso para sair dela?”. Protagonizar é incluir-se na situação como co-responsável, encontrando formas de superá-la. |
2. Visualize o futuro próximo e antecipe tendências e acontecimentos: Imaginação e intuição orientadas são ótimos atributos para fazer frente às constantes transformações de cenário, mercado e tendência. |
3. Crie um significado para a sua realidade: Um significado lhe dará a esperança de um futuro melhor; e esperança não é a expectativa de que algo dê certo, mas a expectativa de que algo faça sentido. De um sentido para sua realidade. |
4. Procure conhecer a “verdadeira” dimensão do problema: Procure por informações objetivas e especificas, evitando a comunicação informal, o “boato”, que, em regra, só alimenta a tensão e o desespero. |
5. Separe quem você é do que você faz: Bons pais e bom lideres, ao verem seu filho jogando uma pedra num cachorro, não dizem que ele é mau, mas falam: “Você é um ótimo menino, mas eu não gosto do que você fez agora”. Eles sabem separar a identidade da ação especifica. Ao ser repreendido por um líder, saiba que ele desaprova a sua ação, e não a sua identidade. |
6. Procure desenvolver relacionamentos significativos: É importante ter pessoas com que você possa conversar e discutir sobre suas questões, sem julgamento, interpretação ou moralidade. |
7. Aprenda a ter “mente solucionadora”: Utilize o tempo que gastaria em justificativas, esquivas de culpa, reclamações e burocracia para orientar-se a solucionar a questão. |
8. Reconheça seus sentimentos e as necessidades de seu corpo: Permita-se chorar, sentir dor, dormir, descansar, recuperar-se e retornar ao seu estado de excelência. |
9. Tenha como parceiro constante a criatividade no pensamento, nos sentimentos e nas ações: Os maiores conflitos são causados por idéias ou ações rígidas, inflexíveis. |
10. Cultive e valorize seu poder de escolha: O resiliente, em essência, é aquele que luta pelo direito de decidir escolher como vai interpretar as situações da vida, assim como escolher o que vai fazer a respeito. |
11. Gerencie as adversidades como situações passageiras: O que está acontecendo de ruim com você não é a vida, mas uma circunstancia da vida. Entenda que a vida é muito mais do que a adversidade pela qual está passando. |
Fonte: Carmello (2008, p. 158 a 160), adaptado.
Referências Bilbiográficas
CARMELLO, Eduardo. Resiliência: a transformação como ferramenta para construir empresas de valor. São Paulo: Gente, 2008.
ENTSCHEV, Bernt. Resiliência. Disponível em:
<http://www.advbpr.com.br/blog/resiliencia/ > .Acesso em: 28 ago. 2009.
GRAPEIA, Leonardo Soares. Resiliência. Disponível em:
<http://www.artigos.com/artigos/sociais/administracao/recursos-humanos/resiliencia-1443/artigo/>. Acesso em: 01 set. 2009.
SATO, Karin. Saiba tudo sobre resiliência e veja por que as empresas preferem os resilientes. Disponível em:
<http://www.entheusiasmos.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=143>. Acesso em: 31 ago. 2009.
SILVA, Mara Regina Santos da. Resiliência: concepções, fatores associados e problemas relativos à construção do conhecimento na área. Disponível em:
<http://sites.ffclrp.usp.br/paideia/artigos/26/02.htm>. Acesso em: 02 set. 2009.